sábado, 30 de abril de 2011

Alujá - Toque de Evocação ao Deus do Trovão - Sàngó

Compartilho com vocês, o toque ALUJÁ, que foi gravado na nossa casa, a Sociedade Ile Alákétu Asè Ibùalámo nessa semana.

Posto esse video, pois vejo o empenho do Ogans (dentre eles meu filho carnal, Vinicius) em perpetuar a arte musical dos Orisas. Outro ponto importante que o video ilustra é a união, sendo que além dos Ogans do Ilé Ibùalámo (o Alagbe Fábio e o Eperinlode Paulo), conta com a participação do Elemoso Buda, que é de outra casa que não a nossa. Isso mostra que sim, o Candomblé pode ainda ter união entre as pessoas e os asès.

Aproveitem o toque.
Babalòrìsà José Carlos de Ibùalámo

terça-feira, 26 de abril de 2011

Sire Alada Ogun


O Siré Alada Ògún é um ritual religioso que nasceu na Sociedade Ilé Alákétu Asè Ibùalámo, em 1989. Essa festividade foi o primeiro ritual realizado ao público. Antes, rituais internos já eram realizados.
A Razão da Festa:
Durante anos, trabalhei na Siderúrgica J.R. Aliperti como supervisor. Foi nessa época, que comprei, por determinação de Ibùalámo, o terreno onde edifiquei a Sociedade Ilé Alákétu Asè Ibùalámo. Era uma época de muitas dificuldades, o país sofria com elevada inflação. As compras era feitas à prazo com juro altíssimo.
Como todos os brasileiros, iniciei as obras, com a compra de material financiado. No entanto, para a minha surpresa, a empresa na qual eu trabalhava, entrou cm concordata, dando início a demissão de centenas de funcionários.
Fiquei muito preocupado, pois havia financiado a compra do terreno e dos materiais de construção, logo uma demissão seria algo que nos traria grandes problemas. Pedi muito ao meu Pai Ibùalámo, rogando-lhe que não fosse demitido, pois ficaria com muitas dividas, sem ter como pagar.
Face toda essa turbulência que vivia, Seu João, um antigo ferreiro da Empresa que tinha grande conhecimento da forja e que preparava todas as ferramentas dos funcionários me chamou e disse:
“Baiano, vou ficar aqui na Aliperti somente mais quatro dias, queria que você ficasse com todas as minhas ferramentas de forja e as levasse para sua casa. Eu tive um sonho, no qual um homem pedia para eu lhe entregar todas as minhas ferramentas, pois seria de grande valia na sua casa.”
Depois disso, seu João, me perguntou se eu “mexia com terreiro”, porque ele disse que o homem que ele sonhou era um santo de terreiro. Ele disse que sabia que era de terreiro, pois quando ele era criança, a mãe dele havia lhe dito que esse homem era o protetor dos ferreiros.
Eu lhe disse que eu era Babalòrìsà de Candomblé, e que na minha religião esse santo se chamava Ogun Alagbede Orun, o Grande Ferramenteiro do Céu. Disse que levaria todas as ferramentas e que, de fato, seriam de grande valia no meu terreiro.
Diante disso, fiz uma promessa à Ògún Alagbede Orun. Que faria uma festa em homenagem à Ògún, que em procissão, todos os membros da Comunidade iriam carregar as ferramentas de Ògún , pedindo para ele que eu conseguisse construir o Ilé, sem dívidas.
Seu João, então me disse que eu iria construir sim, que não iriam me mandar embora tão cedo. Fiquei olhando para ele e pensando, será que ele não sabe que a empresa está fechando? Como eles não vão me mandar embora?
Bom, na semana que se seguiu, foram demitidos mais de 3.000 funcionários da empresa, restando somente, 180 empregados, dentre eles eu. Permaneci, na empresa, ainda por mais 4 anos, tempo no qual consegui estruturar a roça e pagar as dívidas.
Desde então, todos os anos, os filhos de santos e amigos do Asè, reúnem-se diante de Ojubo de Ògún Alagbede Orun, o qual é evocado por meio de rezas e orikis. Essa é a única ocasião, na Sociedade Ilé Alákétu Asè Ibùalámo, que as ferramentas de Ògún são retiradas do Ojubo e apresentadas ao público por meio de procissão.
Ao som de um cântico próprio, dezenas de facões, agogôs, màrìwòe outras ferramentas de Ògún são levadas ao barracão, onde o próprio Òrìsà Ògún, é evocado a dançar.
Na ocasião, Yemoja, o único Òrìsà que acalma Ògún, cerrega uma oferenda que é distribuída aos presentes em regozijo.
Logo, acredito que Alagbede Orun, têm grande participação na estruturação do Ile Ibualamo e, por isso, anualmente, realizamos a festa, desta feita não para pedir, mas para agradecer e recordar, sempre, a graça alcançada.
ABAIXO, VEJA O VÍDEO QUE MOSTRA UM POUCO DO SIRE ALADA OGUN, NO ILE IBUALAMO
Babalòrìsà José Carlos de Ibùalámo.



segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ori Malu (A Cabeça de Boi)

Ori Malu é um ritual realizado em algumas Casas de Candomblé da Tradição Nago Ketu. Muito embora, o ritual seja de grande importância, o mesmo está se perdendo ao longo dos anos, sendo que a grande maioria das Casas de Asè, estão localizadas no perímetro urbano das grandes cidades.
O Ritual do Ori Malu, inicia-se na verdade, com a programação da compra do Boi, escolhido pelo Òrìsà, por intermédio do jogo de búzios realizado pelo Sacerdote. Esse Boi, é encomendado à um sitiante das proximidades da Casa de Candomblé, sendo combinando com o mesmo, o dia e hora do sacrifício.
Em uma quarta-feira anterior a festa de Ode, todos os filhos de santo deve pousar no Asè, passando por algumas obrigações realizadas pelo Sacerdote. Na aurora da quinta-feira, a Alvorada (conjunto de toques específicos) é realizada pelo corpo de Alagbés da Casa.
A Iyabase e Iyasinjé, preparam uma farta mesa em homenagem aos Òrìsàs da Caça, nela haverá muitas frutas, bolos, mandioca, fruta-pão, batata doce, banana da terra, inhame e tantos outros pratos da tradicional culinária do Candomblé.

As Ayabas de Oya, preparam os animais que serão ofertados no Ojubo, dentro do Ile Òrìsà. Um grupo de Omo Òrìsà, fica no Ilé Òrìsà, aguardando a chegada da procissão do Ori Malu, enquanto outros Filhos de Santo, escolhidos em função de seus títulos e seus Òrìsàs, vestidos à caráter e de branco, perfilam-se rumo ao sítio no qual foi realizado o sacrifício do Boi, pelo Magarefe.

Ao chegar no sítio, o Ori Malu e algumas partes específicas do Boi, são depositados em um grande balaio, no qual consta um dos grandes segredos do ritual. Nesse balaio, há um conjunto de elementos e uma determinada folha, utilizada para receber o Ori Malu. Esse balaio será carregado por Ayabas de determinados Òrìsàs, ligados ao ritual. Outro elemento de fundamental importância, consiste na moringa que será carregada por Yemoja. Nesta moringa, há um grande segredo do ritual do Ori Malu, que não cabe ser compartilhado nesse texto. Os “Eran Petere”, serão cuidadosamente arrumados em um balaio, que também foi preparado com elementos sacralizadores. Após tudo devidamente arrumado, inicia-se a procissão rumo de volta à Casa de Candomblé.

Na Casa de Candomblé, ao somo do Agere (Toque de Evocação dos Deuses da Caça), os Alagbés, Egbon-mi e Ekejis, aguardam a chegada da procissão. Nesse momento, a chegada da procissão é enunciada por um cântico Yoruba, que elucida a importância do Ori, no ritual dos Caçadores. Com fogos, feijão fradinho torrado e muitas saudações à Ode, finalmente os “preparados” adentram a Casa de Candomblé.

Os filhos de santo, já manifestados pelos seus Òrìsàs, dançam com a obrigação envolta do Asè central do Barracão. A Grande Procissão do Rei da Nação dos Candomblés do Brasil, está sendo realizada à contento. Novamente, cânticos em louvor aos Deuses da Caça são entoados.  Após dançarem envolta ao Asè, uma nova cantiga é entoada, para apresentar à Ode, no Agbo de Òsóòsì o Ori Malu. Feito isso, o oro é uma vez mais, realizado, nesta ocasião no Agbo de Òsóòsì.
Realizadas todas as obrigações dos Òrìsàs, o farto café da manhã é ofertado em regozijo à todos presentes que, comungam com o Deus da Fartura.

Oke Aro!

Babalòrìsà José Carlos de Ibùalámo